quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Texto Base - Módulo 1 - Parte 4

Olá pessoal


Este é um tema que enfrenta muito preconceito, mesmo na atual e moderna sociedade, debater sobre gêneros para muitos ainda é um tabu. Nesta última parte do texto seguiremos para este rumo.





Diversidade Sexual

A unidade III tem como objetivo apresentar uma introdução ao tema da diversidade sexual, o qual será aprofundado no módulo III do nosso curso. A discussão se concentrará na análise de algumas questões as quais demonstram que a sexualidade deve ser compreendida não apenas no nível do pessoal, mas também no político. Esse percurso ocorrerá, portanto, no resgate do contexto histórico e social da regulação da sexualidade e também no entendimento da relação entre a sexualidade e o exercício da cidadania.

Buscaremos problematizar as bases sociais e históricas constituintes das modernas formas de representação, das tecnologias e intervenções disciplinadoras e normalizadoras do corpo e da sexualidade (FOUCAULT, 1988), tendo em vista compreendermos que este trajeto nos permitirá apreender vários aspectos a respeito dos discursos e práticas que determinam sistemas classificatórios de “normalidade” e “anormalidade” no processo de construção das identidade sexuais e de gênero. A partir desse quadro analítico, temos como meta a negação de um pensamento no qual às formas essencialistas interposta à dimensão da sexualidade são tidas como verdades, bem como o combate às discriminações e violências na esfera sexual.

As diferentes situações de preconceito e discriminação vivenciadas por homens e mulheres em função de suas identidades sexuais e de gênero serão apresentadas a partir do cruzamento das categorias de gênero e orientação sexual, de uma reflexão sobre os direitos relativos à sexualidade e de um rápido panorama sobre as mobilizações e a organização do movimento no Brasil de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT).

Por que algumas manifestações da sexualidade são consideradas normais e outras não? Por que a homossexualidade já foi avaliada como doença ou perturbação? Há formas de sexualidade que podem ser consideradas “naturais”? Por quê? Será que escolhemos aquele/a por quem vamos ter desejo, ou isso já faz parte da nossa personalidade? Nossos desejos podem mudar ao longo da vida? Por que nossa sexualidade é tão importante para definir quem somos e como seremos tratados por quem está ao nosso redor? Por que as pessoas que não se comportam de acordo com o que socialmente se espera de homens ou de mulheres são consideradas ”anormais”?

E ainda: Como a sexualidade se relaciona com a constituição de famílias? Como a família nuclear heterossexual transformou-se em modelo ideal de família? Por que algumas manifestações da sexualidade são vistas como legítimas para a constituição de famílias e outras não? O que se diz sobre as famílias formadas por casais de mesmo gênero? Como estes valores incidem na formação de crianças e adolescentes no âmbito educativo formal?

Estas são algumas questões que buscaremos refletir nesta unidade com o intento de introduzir o debate acerca da diversidade sexual, e, sobretudo compreender de que modo podemos discutir a temática no cotidiano escolar. Há quem pense que a sexualidade deva ficar do lado de fora da escola. Nessa perspectiva, a escola deveria ser um local de estudo, de amizades – e não de namoro – de esportes, de brincadeiras etc. É possível, no entanto, deixar a sexualidade do lado de fora? Será que estudo e convívio não têm nada a ver com gênero, sexualidade e política, nem com questões de classe, raça ou cor? Que questões sobre orientação sexual as relações na sala de aula e no pátio deixam transparecer?

Não é possível deixar a sexualidade do lado de fora da escola. Ainda que quiséssemos, isto seria impossível. Mesmo quando meninas e meninos eram separados em escolas distintas, a sexualidade estava presente. Talvez se fechassem os olhos para ela, mas estava lá. Até porque sexualidade não existe apenas nas relações entre gêneros distintos. Alguns jogos e brincadeiras na escola, por exemplo, surgem carregados de violência simbólica e até mesmo física, as quais não podem ser negligenciadas. A educação sexual na escola será o nosso ponto agora, mesmo porque a sua presença no ambiente escolar é um exemplo do quanto à sexualidade adolescente é também foco de investimento político e instrumento de tecnologia de governo, ou seja, ela está fundamentada em uma forte preocupação em administrar, tornando correto, o modo como as/os adolescentes vivenciam a sexualidade, sem questionar a orientação implícita na noção de um “desenvolvimento sexual normal”.


Em breve os outros módulos ofertados, ótimo dia.

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